Hipercalcemia e PMMA, uma questão de ciência!
Você já leu ou ouviu falar sobre hipercalcemia? O que ela é ou quais os desdobramentos fisiológicos no organismo?
Saiba que ela é um fenômeno decorrente da falha no equilíbrio do metabolismo do cálcio, causada por diversas entidades orgânicas.
Contudo, recentemente, e em especial após o período pandêmico de coronavírus, alguns raros relatos sobre hipercalcemia em pacientes que fizeram uso de injetáveis e preenchedores surgiram na arena de debate da ciência.
E como nunca devemos deixar de considerar esses casos, ainda que raros, resolvemos trazer a temática para discussão e elucidação do que se sabe até o momento.
Descubra, por intermédio de informações fidedignas, se existe relação entre hipercalcemia e PMMA e quais as recomendações para prevenção e monitoramento no pós-procedimento.
Tudo com o fim de deixá-la(o) mais tranquila(o) e orientada(o) diante de informações por vezes esparsas e de difícil compreensão que você pode encontrar por aí.
Boa leitura!
DESCUBRA NA LEITURA DESSE TEXTO
- O que é a Hipercalcemia e qual a sua relevância clínica?
- Hipercalcemia e PMMA: o que você precisa saber!
- Recomendações
O que é a Hipercalcemia e qual a sua relevância clínica?
O cálcio é o mineral mais abundante no corpo, sendo cerca de 95% armazenado nos ossos. Ele possui diversas funções no nosso organismo como formação óssea, mineralização dentária, coagulação, transmissão nervosa e contração muscular.
Além disso, vale dizer que o cálcio possui um delicado sistema de regulação corporal que envolve os rins, os ossos, vitamina D, a tireoide e a paratireoide. Parece complexo, e de fato é, contudo, iremos sintetizar para que você possa compreender melhor.
Desses, os principais componentes reguladores do cálcio no corpo são o PTH (paratormônio) produzido pelas paratireoides, a calcitonina produzida pela tireoide e a vitamina D.
É importante saber também que cerca de 90% do cálcio consumido é excretado pelas fezes e cerca de 10% é filtrado pelos rins sob comando do paratormônio, nesse último caso.
Basicamente, teremos então:
- PTH (paratormônio): produzido pela paratireoide, esse hormônio diminui a excreção de cálcio pelos rins e aumenta a reabsorção intestinal, ou seja, aumenta a quantidade de cálcio livre no corpo.
- CALCITONINA: produzido pela tireoide, esse hormônio diminui os níveis sanguíneos de cálcio (dos 3 o único que não favorece hipercalcemia).
- VITAMINA D: estimula a absorção intestinal de cálcio, diminuindo a excreção dele, ou seja, também aumenta a quantidade de cálcio livre no corpo.
Cada um desses 3 componentes desempenha uma função de vital importância no nosso corpo para que esse equilíbrio sérico do cálcio esteja sempre sob controle.
E quando ocorre o rompimento desse equilíbrio? Podemos ter a famigerada hipercalcemia.
Ela nada mais é do que a liberação excessiva de cálcio no sangue. Ocorre em diversas situações que elevem a reabsorção ou diminuam a excreção do mineral.
Geralmente devido à elevada quantidade de vitamina D no organismo ou elevados níveis de PTH (paratormônio), os níveis de cálcio sérico e iônico se elevam a patamares que caracterizam o estado hipercalcêmico.
Isso, por óbvio, pode trazer uma série de consequências importantes para o organismo, afetando vários sistemas.
Daí a importância em ficar atenta(o)!
Hipercalcemia e PMMA: o que você precisa saber!
Chegamos ao ponto, o que de fato você precisa saber sobre PMMA e hipercalcemia.
Apesar de recente, o assunto requer alguns cuidados ao ser analisado.
Existem alguns estudos já realizados e outros em andamento para análise se existe correlação entre hipercalcemia e PMMA.
O que se sabe até o momento, por meio de estudos científicos, é que o PMMA NUNCA É CAUSA ISOLADA PARA HIPERCALCEMIA!
Isso quer dizer, os poucos pacientes que desenvolveram hipercalcemia foi devido a serem portadores de condições prévias ao preenchimento definitivo.
Consequentemente, o PMMA vem sendo erroneamente imputado como um fator de risco para hipercalcemia naqueles pacientes que fazem o preenchimento definitivo, mas que já eram portadores de condições predisponentes para isso.
A maior parte dos pacientes que relataram casos de hipercalcemia possuíam, por exemplo, uso prévio de vitamina D em excesso, especialmente durante o período da pandemia, e sendo ela uma vitamina lipofílica (que se deposita na gordura corporal) é de difícil mensuração.
Desse modo, como já vimos, o excesso de vitamina D pode aumentar a absorção intestinal de cálcio e com isso precipitar a hipercalcemia.
Outras condições associadas aos pacientes relatados no estudo foram doença prévia renal, medicamentos nefrotóxicos, infecção pela COVID-19, uso de AAS (ácido acetilsalicílico ou Aspirina), uso de esteroides anabolizantes e a presença de doenças crônicas.
Todos fatores relacionados com alterações laboratoriais sugestivas de hipercalcemia.
Nesse aspecto, o Polimetilmetacrilato, assim como quaisquer outros materiais sintéticos como os injetáveis temporários (ácido hialurônico, ácido Poli-L-lático, hidroxiapatita de cálcio), PODEM ser um gatilho a mais para a hipercalcemia, mas não por mecanismos causais diretos.
Explicamos…
A teoria ainda em investigação, é de que os injetáveis e preenchedores, ao estimularem a ativação de macrófagos na zona de implante, expressam uma enzima que ativa a vitamina D no organismo que, por consequência, aumenta a reabsorção intestinal de cálcio e junto o risco de hipercalcemia.
Contudo, não se encontrou nenhuma evidência concreta de correlação direta até o presente momento.
Dessa forma, estudos mais aprofundados estão sendo levados adiante, inclusive pela Clínica Prime.
Em resumo, o que se sabe até o momento é que o PMMA não é causa isolada e direta de hipercalcemia. Não há motivo para evitar o procedimento, visto que há uma série de medidas implantadas para prevenir a hipercalcemia conforme será explicado no tópico a seguir.
Recomendações
Apesar de os estudos, até o momento, não indicarem uma relação de causa e efeito entre a hipercalcemia e o PMMA, algumas recomendações são pertinentes.
Recomenda-se inicialmente uma investigação pré-procedimento junto à (ao) paciente para avaliar a presença de situações que elevem o risco para esse desfecho. Quais sejam: o uso prévio em grandes quantidades de vitamina D, uso de AAS e a presença de comorbidades crônicas, por exemplo.
Esse check-list pré-procedimento serve para fornecer maior segurança à(ao) paciente e indicar medidas, caso necessárias, a serem tomadas antes de realizar o preenchimento definitivo.
Além disso, recomenda-se também um acompanhamento ou follow-up no pós-procedimento, para que as(os) pacientes sejam acompanhadas(os) de perto após a Bioplastia de glúteos.
Ambas as recomendações já são validadas e praticadas pela Clínica Prime, tudo com a finalidade de fazer você se sentir mais preparada(o) para realizar o sonho de um bumbum renovado.
MAIS SOBRE O ASSUNTO
- Pré e Pós-Procedimento: o que você precisa saber
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Referências
BLANCO SOUZA, Túlio Armanini, Colomé, LM, Bender, EA et al.Recomendação do Consenso Brasileiro sobre o Uso do Preenchimento de Polimetilmetacrilato na Estética Facial e Corporal.Aesth Plast Surg42, 1244-1251 (2018). Disponível em: <https://doi.org/10.1007/s00266-018-1167-1>. Acesso em: 17 ago, 2023.
NÁCUL, Dr. Almir. Bioplasty, the Interactive Plastic Surgery: How a physician must advise his patients. Editora Quintessence, 1 jan. 2018.
Bortolozo, F., Koga, C. E., Paschoal, Ângela S., Rinaldi, M., Menezes, H. S., Corcini, A. C., & Souza, P. de. (2023). Pmma body injection and hypercalcemia correlation: a cross-sectional observational study on the comprehensive analysis of variables. International Journal of Nutrology, 16(3). Disponível em: <https://doi.org/10.54448/ijn23301>. Acesso em: 17 ago, 2023.